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Território Lagoa do Sino

Território Lagoa do Sino: características e condicionantes do desenvolvimento

 

O novo campus da UFSCar está localizado no município de Buri-SP, na fazenda Lagoa do Sino. Para esta delimitação territorial, seguiu-se inicialmente a divisão oficial da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional do Governo do Estado de São Paulo - que divide o estado em 15 Regiões Administrativas (Fundação SEADE, 2010) – e que insere, portanto, a região do campus Lagoa do Sino na Região Administrativa (RA) de Sorocaba que, por sua vez, está localizada na porção sudoeste do estado de São Paulo e próxima à divisa com o Estado do Paraná.

A partir dessa identificação macrorregional, definiu-se uma delimitação geográfica arbitrária a partir da identificação de um conjunto de municípios inseridos num raio aproximado de 100 km de distância da sede da fazenda (novo campus da UFSCar), e que recebeu para este estudo a denominação de Território Lagoa do Sino (TLS). O Território Lagoa do Sino é composto por 40 municípios neste trabalho, sendo 18 pertencentes à microrregião de Itapetininga, 13 à microrregião de Itapeva e 9 à microrregião de Avaré, conforme mostram as figuras abaixo.

Dados sobre isolamento do território ainda destacam a baixa concentração de custos de gradução na região (dado que será melhor discutido no tópico de educação, a seguir), bem como o percentual de domicílios rurais com telefone situa-se muito abaixo que o verificado no estado de São Paulo, aproximadamente um terço do total estadual. Apesar da centralidade geográfica na RA de Sorocaba, o campus Lagoa do Sino possui, atualmente, acesso limitado por meio de poucas rodovias, pequenos aeroportos municipais, uma ferrovia e um porto fluvial.

O percentual de domicílios rurais no TLS é de 18%, um valor aproximadamente 5 vezes superior ao estado de São Paulo. Assim, a ruralidade é mais significativa na região do novo campus da UFSCar. A relação de habitantes por moradia se mantém baixa e com perfis urbanos e rurais próximos ao do estado de São Paulo, valor em tono de 3,3 hab./moradia.

Assim como em outras regiões de perfil rural no estado de São Paulo, o TLS apresenta baixa densidade demográfica, com média inferior a quatro vezes do padrão estadual. Há também diferentes padrões de urbanização entre os municípios da região. A população ativa do TLS em relação ao total estadual está em torno de 85% e segue o mesmo perfil paulista em geral.

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A riqueza do TLS representa apenas 1,41% do PIB estadual. É uma participação baixa. O PIB per capita é muito inferior à média estadual, e novamente, percebe-se grande disparidade entre os padrões municipais, já que muitos municípios não possuem sequer a metade do valor médio do PIB per capita do TLS, que é de R$ 16.778,64. São municípios com pouquíssima atividade industrial quando comparada às maiores regiões paulistas.

O TLS contribui com percentual ínfimo no valor adicionado total do estado (1,53%), mas ganha relevância na agropecuária, em torno de 12,78% do total de São Paulo. Isso reforça o perfil agrícola e rural entre os municípios da região. Mesmo que prevaleçam os setores de serviços e da indústria no total do PIB do TLS, contribuindo conjuntamente com mais de 86% do PIB total do TLS.

As três microrregiões que compõe o TLS apresentam cerca de 22.000 estabelecimentos agropecuários. Destes, 71% é unidade agropecuária familiar, um valor superior à média do estado de São Paulo (que é de 65%) e inferior à média brasileira (88%). A atenção para a agricultura familiar é importante para as atividades de ensino, pesquisa e extensão impactarem positivamente na economia rural da região do campus lagoa do sino da UFSCar. Essas unidades agropecuárias familiares têm, como base, a produção diversificada de alimentos. A mão-de-obra prevelecente é familiar e a moradia é na propria propriedade rural, corroborando com os dados da base demográfica dessa região.

Capacitações de agricultores e trabalhadores rurais são mais ainda justificadas no TLS quando se constata que a grande parte dos produtores rurais não possui atividade econômica fora do estabelecimento agropecuário, refletino numa baixa pluriatividade. De um total de 21.597 produtores, 17.101(79% do total) não possuem atividade econômica fora da propriedade rural, constand-se baixa pluriatividade do trabalho. Esse predomínio acontece até mesmo para os casos de cooperativas e consórcios rurais, pois em ambos cerca de 76% dos agricultores não possuem outra atividade econômica.

As características da produção agropecuária do Território Lagoa do Sino (TLS) apontam para uma grande representatividade da produção diversificada de alimentos e de derivados madeireiros, o que reflete a base agropecuária do território analisado. Como já destacado, essa produção é concentrada em pequenas propriedades de base familiar que se apresenta em agricultores especializados e fundamentalmente os diversificados e produtores de gênero alimentícios, elementos importantes para inserção nos programas de segurança alimentar territorial.

A representatividade do setor industrial do Território Lagoa do Sino é pequena para o total do estado de São Paulo e tem base agropecuária. O rendimento médio do trabalhador industrial está bem à média do estado de São Paulo tanto para homens como para mulheres, sendo que as mulheres têm rendimentos 40% menores que os homens, corroborando neste último caso com as outras regiões paulistas comparadas, em que o rendimento feminino é menor que o masculino.

Nas atividades de serviços, a participação do total de vínculos empregatícios situa-se bem abaixo dos níveis estaduais. O rendimento médio do trabalhador por gênero no setor de serviços segue o perfil industrial em relação à média, mas as mulheres apresentam um valor mais próximo aos rendimentos dos homens. Os rendimentos médios dos trabalhadores (homens e mulheres) são, aproximadamente, a metade da média estadual - sendo que as mulheres auferem um valor bem inferior aos homens no setor industrial e próximos no setor serviços.

A produção do TLS apresenta grande participação na produção estadual, com destaques ao algodão herbáceo, trigo, maçã e feijão. As cadeias de produção desses produtos agrícolas devem ser estudadas nas instituições de ensino e de pesquisa da região. As inclusões de produtores rurais da região nessas cadeias produtivas podem contribuir para o crescimento da renda agropecuária do TLS.

O percentual da Administração Pública do TLS é superior a média estadual, uma evidência comum aos pequenos municípios porque a administraçao pública representa grande parcela das atividades econômicas comparativamente aos outros setores econômicos de pequeno porte. Assim, as atividades de extensão da universidade na região devem focar resultados, no caso do meio urbano, para funcionários públicos e pequenos empreendedores dessas cidades.

A infraestrutura em moradia na região do novo campus da UFSCar (Lagoa do Sino) começará a ser compreendida pelas descrições das quantidades, tipos e condições dos domicílios existentes nos quarenta municípios delimitados. Referente aos tipos de moradia, os domicílios urbanos prevalecem, embora o percentual de participação das moradias rurais (18%) em relação ao total seja muito superior à média estadual (3,7%). Este dado reforça o perfil rural e agropecuário da região, não somente pela representatividade da produção e de empregos agrícolas, mas também em moradias e moradores rurais.

Os dados educacionais do território são preocupantes. O percentual de analfabetos no TLS maiores de 15 anos ou mais que não sabem ler e escrever é de 9%, correspondendo ao total de 47.414 pessoas. Entre 25 e 59 anos, há um total de 22.087 pessoas. As maiores disparidades no perfil de escolaridade da população do TLS, observando os dados do INEP, estão na taxa de analfabetismo na população jovem e no total de anos de estudo. A taxa de analfabetismo decaiu nos últimos anos na mesma proporção do estado de São Paulo, mas ainda se mantém em patamares muito elevados. Quanto aos anos de estudo, 74% da população de 25 anos ou mais tem menos de oito anos de estudo contra pouco mais de 55% no estado de São Paulo. Corrobora para um perfil de baixa escolaridade do território, um contraponto alarmente, de apenas 15% da população do TLS tem ensino superior em contrapartida de 24% com ensino fundamental.

A taxa de matrícula no ensino superior é quatro vezes menor que a média estadual. Já a oferta de ensino médio e fundamental é compatível com estado, embora ocorra em unidades de ensino de menor porte, quando comparada ao total do estado de São Paulo, a respeito da relação de instituições de ensino por 1.000 habitantes. Ainda pelos dados do INEP (2010), conforma a tabela 10, o número de cursos de ensino superior oferecidos no TLS, tanto na esfera pública como na particular, destoa significadamente da média estadual, com maior relevância das particulares - com um valor aproximadamente duas vezes menor. Já para a oferta nas instituições públicas do TLS, esse valor está em torno de 25% menor.

Os dados secundários incicialmente considerados para a infra-estrutura da saúde na região serão os números de estabelecimentos e de leitos. Nestes fatores condicionantes do desenvolvimento local, o Território Lagoa do Sino apresenta certa distorção quando comparadas com a macrorregião de Sorocaba.

Em número de estabelecimentos de saúde por mil habitantes, o TLS apresenta um índice melhor (0,48) que o do estado de São Paulo (0,34). Outra diferença a favor do TLS é o de 0,38 estabelecimentos com atendimento laboratorial por mil habitantes diantre do 0,25/1000 habitantes do estado de São Paulo. Vale ressaltar que este dado não considera os tamanhos desses estabelecimentos de saúde. Desta forma, mesmo havendo mais estabelecimentos de saúde por mil habitantes, estes são de menor porte, e provavelmente com menor capacidade de atendimento que as grandes unidades de saúde das maiores cidades e da região metropolitana de São Paulo.

Não á toa que, em número de leitos para internação por habitante, os indicadores para o TLS situam-se bem abaixo da média do estado de São Paulo, tanto no serviço público quanto no serviço privado. O total de leitos para internação na região é de 1,32 para 1.000 habitantes, enquanro no estado de São Paulo é de 2,28. Esse panorama é fortemente puxado pelo número de leitos públicos por mil habitantes: 0,14 no TLS e 0,57 no estado de São Paulo. Em ambos casos, a oferta de leitos no sistema privado de saúde é expressivamente maior que a oferta de leitos no sistema público.

Finalmente, constata-se que o conjunto de municípios escolhidos pelo parâmetro de proximidade ao campus apresenta os menores índices de desenvolvimento do Estado de São Paulo pela metodologia do Índice de Desenvolvimento Humano - IDH-M (2015).